domingo, 23 de dezembro de 2018

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m    no 
    e  a  s
n      m 
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s  h   

oɥuɐɹʇsǝ opnʇ áʇ

ɯıssɐ opnʇ ɐʇ oɹʇuǝp ınbɐ
opıʇɹǝʌuı
osnɟuoɔ ɯǝq
oɥuɐɹʇsǝ ɯǝq
ɐɔǝqɐɔ ɐʇuod ǝp sɐɹʌɐlɐd sɐʇsǝ
ɐɹobɐ oʇuıs ǝ nos ǝnb oɐ sɐʇsǝuoɥ oɐs

Vento forte

A posse e a pressa no amor
antagonizam a leveza das virtudes
dos sorrisos bobos de corpos que brindam
os encontros espontâneos do acaso

A crença cega do desejo,
incandesce em demasia
o senso todo da liberdade
de quem avoa,
se permite o além, quando enjoa
de caminhos prontos já traçados

E também,
foge ao tato do corpo
o equilíbrio das dimensões
das somas e multiplicações
e subtrações,
das possibilidades das relações,
onde as experimentações
é que na verdade tangem o querer,
pondo em contradição
o senso do afeto,
nos fazendo questionar
as consequências de se doar.






sábado, 22 de dezembro de 2018

Taciturno

O silêncio como resposta
é o afago da dureza
em verdade das letras
que não se encontram
para palavras prematuras

É o poder de fala em negação
do medo da dúvida e da reação
Escudo e arma
para confusos e certos de si mesmos
O que tem de passar logo
Ou, o som mais próximo
da ciência exata da coisa em questão.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Relatividade Geral

Vejo no outro o que me falta
quando não me serve
o limite
o mais
do entendimento que tenho de mim mesmo

No outro mora o novo
do jeito que não sei
a estranheza,
a resistência em abrir me ao externo
vejo um espelho do que há de bom
e mais ruim
em mim

E no outro procuro
perco e encontro
humanizo-me
sinto a parte do todo
no que me cabe apoucar
para talvez crescer
ou me perder de vez
no universo de um todo de outros
do que não sou e nem arrisco
mas posso conhecer

que eu me proteja do que eu quero
do que quero no outro
do que o outro quer de mim


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Bicho Morto Lixo

Me lembro que
poucos segundos antes,
olhei no relógio e ouvi
o tempo falando do meu atraso
E assim me fiz
urgente, novamente,
mais depressa, a acelerar

Aconteceu

Em um lampejo de reflexo
me pus a observar pelo retrovisor,
um contraste,
no breu do piche escaldante
do asfalto,
na forma de cores vivas,
pintadas no chão
feito arte abstrata,
com os líquidos e sólidos
do cadáver de algo morto há pouco,
que também fora marcado pelos pneus carecas do meu carro

Uma pomba morta no meio da rua
A pomba morta
Que morreu atropelada
Que outro alguém atropelou antes de mim
E que depois de morta
foi atropelada novamente inúmeras vezes
E que talvez agora,
ainda esteja sendo atropelada
E que permanecerá sendo atropelada
até que o atrito entre o pneu dos carros e o asfalto,
consuma todos os seus restos.

Ninguém se comove com uma pomba morta
no meio da rua
Muito menos às 14 horas,
na tarde de um dia de sol e muito calor em Ribeirão Preto
Eu também não me comovi com a pomba morta
no meio da rua
Simplesmente passei
Por cima da vida que se perdera
Eu tinha pressa
Mas eu gosto de pássaros

Pássaros me encantam, pois,
sempre que passeio com minha filha
procuramos pelos pássaros
nas árvores,
nos fios,
no chão à procurar comida.
E sinto um gosto doce,
de vida,
quando a Nina corre atrás e eles saem voando

Mas,
a pomba morta no meio da rua não voava
Era indiferente
Não estou de luto
Não estou triste por ela
Eu apenas sinto saudades da Nina,
e da humanidade empática
e transformadora que a sua presença me traz
e que poderia me ter feito importar
com a pomba morta no meio da rua.



terça-feira, 20 de novembro de 2018

Tecnologia de ponta para selfies com frases de efeito

Wi-fi e poltronas
são gaiolas abertas para pássaros sem asas.
A coragem mede a espessura do ferro das grades.
As almofadas e os encostos condicionam
e estigmatizam o conforto e a liberdade,
a seguridade
o
                                        isolamento
,
nas telas que sugam o ego através da visão,
na ação de dedos treinados,
que desde cedo dançam no fluxo
de uma barra de rolagem que
      d
         e
           s
             c
               e
                 
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                      e
                         
                      r
                           
                      n
                             
                      a
e dogmatiza o senso de pertencimento,
de representação,
de expressão e alcance de ser.

Muda a dieta, para além da televisão.
Pelo fim das fronteiras, (?)
que se foram e deram lugar
para a representação pixelada,
a realidade em 4K,
amostras digitalizadas das dimensões históricas
insustentáveis,
que nos separam entre quilômetros de seguidores.

Nu da própria ciência,
com muita fome,
se come da desinformação,
que até perece
ter gosto de verdade.

(COMPRE_SEGUIDORES_LINK_NA_BIO)

Fartura efêmera que desce seca,
pela garganta de quem mastiga depressa.
Muito simples é pouco,
para corpo que fede o cio da interação,
esvaído em linguagem binária,
ramificado em hiperlinks,
imerso no tempo do homemrede.com,
crucificado ao vivo para os seus seguidores
em um pedestal de posts, views e
likes travestidos de conexão.

Onde a carne de nós se faz dados
nesse açougue da web mercantil.
Plataformas que assim nos violam,
nos vendem a ideia de tempo e de vida
e nos propõe as facetas do que se é
e como se deve ver o mundo.

Passos de pés que passam,
assim, tão desapercebidos,
reféns da ansiedade das mãos
que checam a vibração,
as vezes imaginária,
no bolso da calça.

O corpo ereto do Homo Sapiens Sapiens
agora curva para baixo o seu pescoço.
E se alimenta do que cabe em algumas polegadas.

Quanto tempo da minha vida eu ainda vou perder olhando para uma tela ?

Escreveu o homem que digitou em um teclado enquanto olhava para uma tela.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Depois do fogo a cinza esfria

Então deixa
eu te olhar
então queira estar
além do que foi
depois do breu
o brilho
brinda às retinas
depois do fogo a cinza esfria
e pinta
a vida

Tem que mudar
todo dia
tem que mudar
todo dia
tem que mudar tudo
todo dia

sábado, 17 de novembro de 2018

Todas as horas

Eu sou metade aquilo o que eu quero
e metade aquilo o que é impossível
sou gozo do pouco
com tempo de branco
em classe salvaguardada
não obstante, de mão no volante
pisar pulsante
ouvido polido
olhos remelentos mal dormidos, alvora à educar

Como é bela a bruta flor
sólida e espessa a árvore dos quereres
o jardim feio da casa do falo
a morada livre do lar de dentro
recorte do geral
pele, alvenaria, demarcações físicas e imaginárias
todo o espaço
encanto libertador de fascínio ofuscante
que esconde os números que nos medem
em peso e valor

As réguas me enquadram
e fazem retas as chances do risco torto
fora do eixo, em curvas a dar vida
exercício de força para fazer caber
mensurar o imenso
censurar o que demais for extenso
contabilizando, suprimindo
sistematizando valores de ser e sentir
de um jeito que me faça perceber e acordar
em plena avenida com o sinal aberto
e os carros atrás, buzinando
o relógio marcando que eu to longe
e novamente atrasado

acelero para tentar fugir da saudade do que eu não tenho
até que o próximo sinal feche.



segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Descendência / Transcendência

Eu,
matéria derivada
e parte de um todo,
vindo a vida por outras vidas
e que deriva vida à outra vida,
componho o espaço que me cabe a ser
nas trocas diárias do eterno presente
tecendo os tecidos da pele à tinta, cicatrizes, 
pelos ou não mais cabelos

Eu,
homem
hétero
cisgênero
branco
classe média
e machista,
entendo que 
a verdade me foge 
todas as manhãs
como quem teme e corre oposto
não me deixa ter razão
flerta oscilante
porque razão é a defesa da cegueira
um abraço que sufoca as possibilidades
o além-mundo
ir além
ser, além de tudo

Por isso
me demoro no que não me parece ser sabido
hoje, também pai
filho de um grande homem
sem dúvida alguma
estou (re) aprendendo a (r)existir






quarta-feira, 18 de julho de 2018

Com que roupa eu vou ?

Me despeço das ombreiras que me fazem robusto
debaixo de um pano que engana minha pequeneza
me despeço dos sapatos novos
pelo velho couro do pisante engraxado que ainda brilha
me despeço da segurança da gola dobrada,
do corte feito sob medida aos trapos
que vestem desajustados
o homem hipotético
as matérias
e a certeza
que se dispersa na inconstância da crise de representação.

O homem hipotético que precisa do espelho
precisa do corte do tecido que tece a forma
do produto final a sobrepor a pele nua envergonhada
um reflexo de base
palpite que assegure quanto à sua insegurança
e seja combustível da efemeridade, confusa
travestida de aventura ou talvez até amor.

Os panos que cobrem se refazem
recombinam como ideias
uma pele sobreposta, de fato verdadeira
que honra em suas marcas
a distância do caminho percorrido no tempo
com o real tamanho dos ombros que sustentam a existência.

Deixo de lado as estampas,
combinação dos textos com cores que comunicam ao contato dos olhos
uma definição de algo que não pode me pertencer
pois me guio furtivo
duvidoso e descontente com as vestes que me conceituam
prefiro a elegância do simplismo honesto
neutro e discreto
feito camiseta lisa
metamorfósica

sexta-feira, 8 de junho de 2018

3 de fevereiro

Dedicado aos 13 estudantes processados pela reitoria na ocupação da UFTM no ano de 2014.


Punho que ergue trêmulo
balança braço, peito e estruturas
soca o ar, viril
penetra pujante o inconsciente
crente e inconstante
incerto mas ereto
pois sabe que pode sim
crescer uníssono
pelas bocas que nunca se calaram
enunciando o prelúdio de um caminho cheio de miragens
pintando de sonho os muros institucionais
o tédio do prédio que no tempo parou
sem cor, sem vida, sem representatividade
escondendo das ruas as portas para a liberdade
fazendo-se grande com muito ao pouco
até que por pouco não acabou

Ontem à noite eram bandidos
ao relento de um centro (educacional?)
dormindo juntos e cantando roucos entre embargos

Haveria de ser

Abelhas polinizadoras fecundaram a flor feia de Drummond
aquela que rompeu o ódio, o nojo e o asfalto
e na lavra da terra fértil do que há de ser
corpos desabrocham em ideias
brotam de raízes fortes
ocupam terra que é do povo
por gente que nem sabe a o que pertence
resistindo ao não
lutando contra o senhorio
não deixando o medo
e
finalmente, podem ver nascer a fruta
e
provar o gosto doce
da UNIVERSIDADE que queremos ser.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Sobre a melhor curva da estrada

Cruzou o cosmo igual poeira estelar
riscando de caneta meus escritos à lápis
rasgou as sete camadas de sua mãe
o meu peito, minha coragem e minha certeza
pintou de vida todo o cinza
irradiou ao som de um choro
com o corpo ainda sujo de vérnix
brilhando feito os olhos d'água de Maria Laura

Mudou tudo

Quando a tenho 
nos braços
me derreto com o seu olhar pro céu
o dedo apontado para cima
olhos curiosos de quem está descobrindo as coisas
balbucios
joelho vermelho de tanto engatinhar
risada que me droga às inquietações
acalento
o melhor do tempo
que passa depressa
me pesa
e me faz um atrasado

Durmo com medo
mas acordo te amando sempre mais.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Quartas-feiras de cinzas

As estampas das vestes,
tão quentes quanto o calor humano
o sol, o fogo e o sangue
passaram sarrando em corpos trôpegos
embriagadas de amor
criadas na fuga da dor
reinventadas
adaptadas
improvisadas na certeza de que unir-se basta

As batidas por minuto,
a música frenética
faz dos corpos dança viva
sons, espasmos ritmados involuntários
transpiração feliz
suor que vale a pena

E assim se vão os dias
e se faz o mito
onde festa é coisa séria
alegria é regra
tudo é povo
o povo é tudo

Carne que não é de carnaval
não é também desse planeta
terra onde quem adentra não sai
se conhece não esquece
imerge paralelo
emerge com saudade
de volta a neutralidade de cores de baixa intensidade
da naturalidade caótica
de dias cinzas








sábado, 3 de fevereiro de 2018

Poesia sobre a Nina

Nina é menina
gente
infelizmente humana
encantadoramente mulher

e como gente
humana que é
tem olhos
nariz, ouvidos e boca

e como toda boca
é boca de gente
onde o que se fala (por enquanto apenas tenta)
são palavras

palavras são o que escrevo
e por mais que tente
em palavra não cabe gente
não cabe humano
mulher
nem menina
quem dirá a Nina.

Vida Desgraçada

O peso líquido oscila,
equaciona o bruto do produto interno
que se traveste em duração
na supressão que faz o tempo valer

quisera a teia poder tecer a aranha
a inversão,
o objeto do resultado
o contrário de tudo
o depois do antes
que ainda nem foi
derivação
igual derivado do mesmo
do parecido
como imita, lembra
recorda
o análogo,
similar
explicado por sinônimos
a indiferente mesmice
medida pela distância entre ser, suportar e sonhar
o esforço revolucionário da repetição


Ofego demais
demasiadamente
em demasia à mente
em esperas
e trocas
qual sou e me faço, pelo que expiro
quando impreciso, e julgo preciso ter
ou até mesmo o equivalente ser
ao que de mim se faz necessário

Já sou dois
e dobrado
me atento
ao que posso e aguento
suporto, supro e somo
no mar como se fez urgente
para mostrar-me o mundo parelho pra caralho !

E dele me cabe
ao qual me basta entender
o que de fato emana sentido
valor e bravura
é a vida temer a morte
passar
ir e vir
no devir da passagem
dos ciclos
morrer durante e nascer no fim.