quinta-feira, 21 de março de 2024

Espelho sujo

Vi a face ao sol do dia
sorrir conveniente 
a se perder na própria imagem
erguendo espadas, celebrando as palavras
altar da própria certeza

Vi moldes de panos disfarçarem o corpo
cobrindo em etiquetas 
a soberba de achar que saber demais basta

Vi títulos de papéis reforçarem as fechaduras, ásperos ressentimentos
forjarem a direção das falas naquilo que há de ser o mais convencional
de acordo com a comodidade e do encaixe da bunda no sofá
erguendo o tom com a fúria de quem esquece e não ouve
não vê o que enxerga
não come o que engole
e não é o que acha que pensa