terça-feira, 31 de outubro de 2017

Estamos em OBRA

Para Filipe Castro


Creio nas palavras mudas
dispensáveis, sob olhares entendidos
braços insistentes
entre notas e respostas
das inquietudes que nos acometem

creio na coragem de quem paira ao centro para cantar
do peito casa que se abre para expor o amor
a dor e a delícia de se fazer gente em som
onde mesmo sem a dança que abraça os corpos
não há medo para calar

creio na junção, somatória de anseios
no alinhamento do cosmo
na astrologia das estrelas solitárias sem brio
avivadas na força de um conjunto
com braços e abraços fortalecendo-se no mesmo propósito

A distância entre o fato e a quimera
é o espaço perpétuo de labutas e tentativas
práxis árdua
tijolos, pedreiros e uma obra a ser feita

logo atrás, estarei sempre intenso
nas levadas da batida que nos une
esperando seus solos ou deixas
entre improvisos, instintos, erros e acertos

então vá longe menino
voe alto como o pássaro tatuado em teu peito
voe no tamanho da vontade das noites de delírio
em teu quarto
em teus desejos e arranjos
na grandeza do arrojo
de mudar o novo
sem que ninguém possa te impedir de sonhar