segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Amor e rE(x)istência

Hoje acordou o dia
que se arrasta pelo resto de outubro
raiou as sobras do resto de um 2017
que se esvai inconstante
em datas
prazos e planos

morrem os dias
as semanas
meses e anos
para que nasçam os dias
semanas
meses e anos

a régua do tempo segue reta
abrange tudo o que lhe cabe enquanto dura
suporta
sua finitude é a vida e a morte
o marco zero de uma escrita
e o subsequente ponto final

mas não cabe em medições os feitos
produtos
subprodutos derivados de alguém
que se guardam ou se perdem
respingados
transbordados
transportados no outro
em quem toca ou corre
teme, encara, ouve ou vê
em medições de outras réguas
lineares
também limitadas
que também se perdem em respingos
das sobras e das faltas
que preenchem ou faltam nas lacunas

vida e morte são detalhes
tempo é relativo
mundo é o que se vê
feitos e fatos são variantes constantes
obras que transpassam a existência

e cabe aí o que tiver de ser
nascido de onde quer que tenha vindo
na forma inédita em que se criou
por quem
ou para que
se fizesse um sentido em seguir
acreditando na contagem do relógio
pela espera do depois
enquanto averígua-se os vestígios do que se foi

somos as sobras e as faltas de todas as réguas que nos invadem
vivemos nos dias consequentes
do espaço tempo em que nos colocamos a vir existir
tentando entender onde cabemos e a que serviremos
de modo a ser quem ?
eu não sei
mas o branco do vazio não significa tristeza
é régua a se medir
espaço a ocupar
se fazer valer
resistir
e amar