domingo, 27 de novembro de 2016

Macaco Metrópole

Passos mecânicos
piloto automático
cabeça baixa
tudo tão cinza
retrô
monocromático
vintage por insuficiência  
bradado às pressas por gente que corre
rumo ao imediatismo etiquetado do futuro
sem sobras no relógio
ao som da orquestra das buzinas
e da banda dos discos de freios

fumaça demais é pouco
engole-se
goela abaixo
entre banners e outdoors de uma vida institucional
a instância
urgente das fases
que passam sem sorte
na maré de ventos ateus

da fé
e do querer
sobram restos de intenções
sonhos
que não atravessam a rua
amores
que se perdem pela avenida provando o gosto do piche
quimeras e desejos
anseios e ideais
caem esfacelados ante a vida moderna
e morrem entorpecidos
aos pés de paredes batidas

o antigo moribundo se faz da força das memórias
senão descritas
sobre o topo
por tocar os olhos em pompas vistosas
sob a derrocada
decadente
das paredes/telas que se pintam de corrosão

Mãos vivas vigorosas
se incriminam das falácias
ao renascerem do branco sujo
de esquecimentos
a chance que adorna e estampe os olhos
com cores e valores

E o primor invasivo que ocupa
transforma
dá sentido e faz o dia e os passos nas ruas
um movimento para se pensar e se sentir
abraçando os olhos com a quentura das matizes e as formas
de quem propõe uma fuga
deste sintético experimento
caótico
chamado cidade