terça-feira, 12 de julho de 2016

Enojado

A carga é um passo de embriaguez
do que rompe a inércia do improvável
e assola em fatos os corpos que se arriscam
pagar pra ver, ter em si
o gosto de tocar e provar  a loucura
de testar o doce e o amargo
de tudo o que se vem a desdobrar
de como a vida nos trás os dias
e de como nos consome o tempo
com as curvas de ruas inéditas em que nos metemos.

E eu,
na sobriedade da perdição
em estado deplorável de incertezas
de despedidas cotidianas e investidas ao vazio
aceno cabisbaixo ao passado, presente e futuro
em forma de gente, de mundo e de cores
porque guardo o íntimo de tudo o que já me tocou
e anseio inocente a recíproca da gratidão
por corações e sonhos aos quais me doei
mesmo falhando com graça ou sendo a desgraça
que põe a doer.