sexta-feira, 25 de março de 2016

Ato falho

Me dói a dor que é minha
que fui causa e prato cheio
pra não sentir o golpe do que não me pertence

Me prendo em braços que se estendem
ao que posso eu ser
Despido de rédeas que exasperam
a áurea de não se ater ao rumo das esquinas

Doí em ti
por estar me doendo
Te fiz doer sem querer fazer doer
Pávido, me caio em não me ater ao hino do seu corpo
Em não poder negar a permuta de nossas almas
Em suor, prazer e dor

Impute-me como quiser, mas
avivei o grão que fez restar
com frescor em nossas memórias
o mais intenso e representativo
de toda a inconstância e loucura que chamamos de amor

Me perdoe o ato falho
que falou em dueto ao que desejávamos
falhando do jeito mais honesto e inocente possível