terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Leal

Paraty-RJ, 3 de janeiro de 2016

Onde pedras traçam o canto
como uma trilha que nos faz olhar pra baixo
onde o aperto e o cheiro da madeira
se transformam em goles de redenção
pela destreza do velho que veste um chapéu

Tempos que transam desiguais
entre tijolos que exalam o ranço do suor de escravos,
uma moderna alvenaria paga a prestações pela classe média
e mansões desnecessárias de pessoas vazias

300 praias de um fardo monárquico
que fazem de suas belezas uma brecha para a exploração
que se justifica pelo peso de seu lugar na história
história que falou de quem mandou
e que ignorou quem a tornou palpável

Mas é na riqueza do contraste das esquinas
que as pulsões se estabelecem
levando sentido e mais cores
ao lugar que transcende o tempo
contando segredos em cada porta que contempla a rua
em cada sorriso desprovido de certeza