quinta-feira, 30 de abril de 2015

Lição de casa

Curitiba, 29 de abril de 2015

Bate
Bate mais forte
Bata com toda sua força
Por cada palavra de ordem que te dão
Bata pela raiva que acomete sua razão

Porque mesmo estando do lado de cá eu consigo te entender
Dançando no contra-passo da música que me faz sangrar eu sinto pena de você
Teus olhos nunca baixam
Seguem uma reta rígida que impõe seus pensamentos a frieza de palavras que não te pertence

Talvez a culpa seja minha
Talvez eu mereça todas as porradas
E digo mais
Talvez seja pouco o efeito moral que suas bombas me causam

A sala de aula que nos contrapôs no passado
Não foi o bastante para que eu conseguisse lhe fazer pensar
Fiz do giz minha arma e do quadro minha armadura
Dando a vida por um ofício que acredito não ter sido suficiente

A rua hoje diz que sim
Diz que não lhe fiz esclarecer-se
De modo ao qual você se encontre adestrado
Invertendo os papéis na trama desta história

Portanto, me bata
Me bata para que eu aprenda a sua lição
Para que eu entenda de uma vez por todas
Que a engrenagem gira no sentido desfavorável de quem questiona
E que o lugar de quem se opõe é a submissão