quinta-feira, 20 de março de 2014

Existe amor em sp

A selva de pedra me xinga e me prende.
À direita ou à esquerda? Estou perdido.
É tudo muito rápido que quando você menos perceber
já estará etiquetado, à venda em uma prateleira.

Os muros são sólidos o suficiente pra te causar vertigem.
O bom dia que sai da boca dos transeuntes não é livre ou muito menos espontâneo.
É cuspido feito norma de convívio.
Olho por olho aqui é raridade.

Ponha seu terno, pegue sua valise.
Dê passos de um metro. Caminhe cem metros em quarenta segundos.
Perdure-se pelo esforço de destinar tempo aos tragos de seu cigarro.
O problema aqui é o tempo.

A pele se mela.
O sol se distorce reluzente em nuvens de fumaça.
É um pecado ver o verde das paisagens
ditado pelo cinza do concreto que o envolve.

O gênio que declarou aqui não existir amor, errou.
É que aqui, vinte e quatro horas são insuficientes pra dar formas ao que se sente.