segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O insuportável

Transições constantes que preocupam.
Entraves que privam à eternidade.
A irresponsabilidade que permite sentir-se julgado.
Faz parte da desconstrução da sina de rotinas.

Não há cabra macho que não arreie pra deboche.
Não existe capitão que não se encolha pra porra de detalhes.
Qualquer entranha que permita pensar em fracasso terá atenção.
Olhos à postos pra tudo.

A era dos extremos bate feito ferro.
Não há tempo pra descanso, não há chances pra questionamentos.
É uma linha tênue de pensamento, que deve ser seguida à risca e ai de quem ousar.
Vá pro seu canto, espere sua vez.

Corpos perfeitos se derretem por equilíbrio.
Clamam pela chance de superioridade.
Os movimentos são constantes, todos dançam ao som da mesma música.
Previsível demais à ponto de ser inexplicável.

O mundo não cabe no bolso.







segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Flor de cemitério

Posto a sete palmos
Deitado em berço fétido
Teu corpo é escancarado pela fome que a terra tem
Olhos que jamais irão se abrir para ver o mar que se pôs sobre tua história

Porque a vida é assim
Desleixada no que se refere a importância.
Burocrática ao extremo no que se refere a liberdade.
Onde o fim é aguardado para que soe o som dos aplausos.

Meu caro
Enquanto em vida, rasgue os panos que lhe cobre
Enquanto são, embriague-se de vazio
Pois toda pompa é sobra e toda definição é fracasso

Abra sua porta e vá embora
De encontro a qualquer metro que desconheça
Sinta o contato do que é belo
antes que a beleza de todas as formas enobreça sua morte