A casa que engole normas
Que faz do filho liso e preocupado
Um homem barbado e sem pretensões
Quando vazia, perturbadora
Quando cheia, ensurdecedora
Perfeita pelos variados tons de risadas
Antro de anseios despojados
Pela alternância de ideologias entre seus frequentadores
Linda em pecar por ser excêntrica demais
Exala o cheiro de quem não se importa
De quem quer e sabe tragar o mel da vida
Pintando de marrom a ponta dos dedos
Suas paredes falam por todos
Manifestam histórias de estados de espíritos inigualáveis
Expressa por completo o que se passa no portãozinho número 96
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
E se ?
E se minha casa não fosse forte
Talvez o vento das tempestades assombraria minha infância
Por qualquer raio que me fez tremer
Por toda agonia que um dia senti
E se meu santo não fosse forte
O carro que driblou a curva da morte teria beijado os pés de um deus
Enquanto sorri com o cu na mão
Enquanto fiz teatro por merda nenhuma
E se o destino não fosse justo
As esquinas que se dobraram para minha história teriam me negado
Porque flertei com o prazer dos erros
Porque gostei de ser bizarro
Mas se meu toque não fosse sincero
Palavra nenhuma teria sido escrita
Talvez o vento das tempestades assombraria minha infância
Por qualquer raio que me fez tremer
Por toda agonia que um dia senti
E se meu santo não fosse forte
O carro que driblou a curva da morte teria beijado os pés de um deus
Enquanto sorri com o cu na mão
Enquanto fiz teatro por merda nenhuma
E se o destino não fosse justo
As esquinas que se dobraram para minha história teriam me negado
Porque flertei com o prazer dos erros
Porque gostei de ser bizarro
Mas se meu toque não fosse sincero
Palavra nenhuma teria sido escrita
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Cannabinópolis
Onde o vento é quente
Como o trago que arranha minha garganta
E que embranquece o breu das chatices
Trazendo-me a leveza dos sorrisos bobos
Como o trago que arranha minha garganta
E que embranquece o breu das chatices
Trazendo-me a leveza dos sorrisos bobos
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
O alcance do não toque
Pra não pensar que eu não lhe disse
Pela boca que se calou
Foi com os olhos que te devorei
Com a vontade de braços desesperados
Mora no silêncio o recado dos meus gestos
Dorme na improbabilidade os planos dos meus passos
Não há chance pra certezas
Não há palco para apresentações
É quando o toque se faz pelo recado que os olhos dão.
Pela boca que se calou
Foi com os olhos que te devorei
Com a vontade de braços desesperados
Mora no silêncio o recado dos meus gestos
Dorme na improbabilidade os planos dos meus passos
Não há chance pra certezas
Não há palco para apresentações
É quando o toque se faz pelo recado que os olhos dão.
sábado, 1 de novembro de 2014
O que o rio não pode levar
Uberaba, 01/11/2014
O que o rio não pode levar é o atrito dos lados que se opõem
O que rio nenhum pode levar é o desencontro das concepções
E então, por mais que eu lave meus pés em uma forte correnteza
Continuarei com a sujeira que corrói sentimentos bons
Pois corpo nenhum é invencível
Pois peito nenhum é impenetrável
Enquanto tudo vier de braços fechados
O laço dos corpos jamais poderá se formar
Não há nada pior do que não ser o suficiente aos outros
Exatamente por aquilo que você é.
O que o rio não pode levar é o atrito dos lados que se opõem
O que rio nenhum pode levar é o desencontro das concepções
E então, por mais que eu lave meus pés em uma forte correnteza
Continuarei com a sujeira que corrói sentimentos bons
Pois corpo nenhum é invencível
Pois peito nenhum é impenetrável
Enquanto tudo vier de braços fechados
O laço dos corpos jamais poderá se formar
Não há nada pior do que não ser o suficiente aos outros
Exatamente por aquilo que você é.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Que horas são ?
Vilhena-RO, quarta-feira 22/10/2014
Um estado de espírito
Sem método nem controle
Na mais prudente administração de revivência e apreciação
Paralela ao meu novo tato de mundo
Há sentidos que se esparramam em nossas concepções
Sem a prévia atitude intencional de atribuição ou busca
E quando você se desliga do relógio
O mundo pode ser sentido por inteiro e a vida pode ser tocada de forma soberana
Sou da terra dos atropelamentos
Do espaço onde tudo se perde e se cria na exímia intenção de tornar-se perfeito
Onde o extremismo da sina do progresso nos ofusca em um sufocante plano de rotina
Restringindo nós humanos de nossos lados mais animalescos
Beijo este rio na intenção de integrá-lo
Piso neste mato com a insegurança de um adulto que tenta ter tudo sob controle
Coloco-me abaixo da natureza em suas diversas formas de vida
Pois encarno toda essa nostalgia com a responsabilidade de ser puro feito uma criança
Um estado de espírito
Sem método nem controle
Na mais prudente administração de revivência e apreciação
Paralela ao meu novo tato de mundo
Há sentidos que se esparramam em nossas concepções
Sem a prévia atitude intencional de atribuição ou busca
E quando você se desliga do relógio
O mundo pode ser sentido por inteiro e a vida pode ser tocada de forma soberana
Sou da terra dos atropelamentos
Do espaço onde tudo se perde e se cria na exímia intenção de tornar-se perfeito
Onde o extremismo da sina do progresso nos ofusca em um sufocante plano de rotina
Restringindo nós humanos de nossos lados mais animalescos
Beijo este rio na intenção de integrá-lo
Piso neste mato com a insegurança de um adulto que tenta ter tudo sob controle
Coloco-me abaixo da natureza em suas diversas formas de vida
Pois encarno toda essa nostalgia com a responsabilidade de ser puro feito uma criança
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Gravata
Meus demônios me assombram
Sem tréguas nem piedade
Num assédio onipotente
Que não dá brechas para nenhuma relutância
Não há válvula de escape que console minha culpa
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
X
Na alcunha das funções não há nada que se emparelhe de maneira digna
Nenhuma auréola para cobrir nossas cabeças
Nenhum discurso para inspirar
O poder que envolve é e sempre será pessoal
Por séculos nos estapeamos
Por séculos mergulhamos mar adentro em concepções que não nos cabe vivê-las
Responsabilidades pra que ? por quem ?
Qual meu papel na continuidade dessa trama ?
A engrenagem nos faz prisioneiros de seus giros infinitos
O circo já estava armado muito antes da fecundação
Corra por qualquer canto que lhe faça sentir livre
Mas não se esqueça jamais das rédeas que o tempo toma conta
Ofício nenhum escapa
Palavra nenhuma explica
Cabeça nenhuma entende
Mil e uma teorias estagnadas em um único ponto de interrogação
Nenhum discurso para inspirar
O poder que envolve é e sempre será pessoal
Por séculos nos estapeamos
Por séculos mergulhamos mar adentro em concepções que não nos cabe vivê-las
Responsabilidades pra que ? por quem ?
Qual meu papel na continuidade dessa trama ?
A engrenagem nos faz prisioneiros de seus giros infinitos
O circo já estava armado muito antes da fecundação
Corra por qualquer canto que lhe faça sentir livre
Mas não se esqueça jamais das rédeas que o tempo toma conta
Ofício nenhum escapa
Palavra nenhuma explica
Cabeça nenhuma entende
Mil e uma teorias estagnadas em um único ponto de interrogação
terça-feira, 29 de julho de 2014
A mais barata
Passou a negra do casaco preto carregando sacolas do supermercado
O bom vivão discursando sobre a guerra em gaza
A dona de casa de mãos dadas com seus dois filhos
A morena que em momento algum ergueu sua cabeça, passou cabisbaixa mexendo em seu celular
A cada gole desfila em minha frente uma história
Vestida com seus diferentes compromissos e representada por diferentes feições
Da barba do senhor idoso ao óculos fundo de garrafa da míope que veste a camiseta dos Doors
Cada qual em seu compasso, rebolando em sua pressa
Desce outra por favor !
O bom vivão discursando sobre a guerra em gaza
A dona de casa de mãos dadas com seus dois filhos
A morena que em momento algum ergueu sua cabeça, passou cabisbaixa mexendo em seu celular
A cada gole desfila em minha frente uma história
Vestida com seus diferentes compromissos e representada por diferentes feições
Da barba do senhor idoso ao óculos fundo de garrafa da míope que veste a camiseta dos Doors
Cada qual em seu compasso, rebolando em sua pressa
Desce outra por favor !
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Aquaplanagem
Uma caixa que tem o ar como seu único conteúdo
Que quando é aberta consagra o desgosto pelo vento que bate no rosto
Uma garrafa de pinga que entristecerá qualquer bebum por já ter sido consumada
A alquimia das feições com os sentidos na passagem das decepções
A vida é uma experimentação constante
É o vai e vem de extremidades
Do aconchego que acomoda ao desespero que faz qualquer filho da puta pular
Uma régua inconstante que tenta provar seu sentido no tempo
O que podia ser
O que foi
O que é
Tanto faz, quem se importa ?
Mas que as baixas se façam valer pela redenção
Com um céu farto e hospitaleiro
Duradoura em compensação ao seu peso
Onde a leveza dite os corpos no exercício dos sorrisos sinceros
Que quando é aberta consagra o desgosto pelo vento que bate no rosto
Uma garrafa de pinga que entristecerá qualquer bebum por já ter sido consumada
A alquimia das feições com os sentidos na passagem das decepções
A vida é uma experimentação constante
É o vai e vem de extremidades
Do aconchego que acomoda ao desespero que faz qualquer filho da puta pular
Uma régua inconstante que tenta provar seu sentido no tempo
O que podia ser
O que foi
O que é
Tanto faz, quem se importa ?
Mas que as baixas se façam valer pela redenção
Com um céu farto e hospitaleiro
Duradoura em compensação ao seu peso
Onde a leveza dite os corpos no exercício dos sorrisos sinceros
sábado, 19 de julho de 2014
Efeito facebook
Um passo fidedigno a mostra dos corpos
Uma vitrine cheia de marcas que escondem a pele
A vergonha em estender as mãos aos nossos semelhantes
em carne, osso e pessoa
O simbolismo dos atos chegou ao auge
Posso esbanjar o que quiser
Posso fingir o que quiser
Posso querer o que não sou
A atenção é o alimento da mentira
A discórdia é o desfecho das tramas
As costas dadas contam o fim das histórias
Tão leve quanto o peso de todos os contatos
Um passo
Dois cliques
Três corpos
Uma vitrine cheia de marcas que escondem a pele
A vergonha em estender as mãos aos nossos semelhantes
em carne, osso e pessoa
O simbolismo dos atos chegou ao auge
Posso esbanjar o que quiser
Posso fingir o que quiser
Posso querer o que não sou
A atenção é o alimento da mentira
A discórdia é o desfecho das tramas
As costas dadas contam o fim das histórias
Tão leve quanto o peso de todos os contatos
Um passo
Dois cliques
Três corpos
sábado, 28 de junho de 2014
Sessão retrô
Sou uma parede em branco
A fumaça de um cigarro de maconha
Um índio deitado em uma rede
O cheiro do incenso
Sou a janela aberta
O vento que refresca
A luz que dá bom dia
O gosto do café
A balança dos sentidos marca o zero
Marca a leveza do espírito
Na grandeza que é a mortalidade
Contra todo sentimento eremofóbico
Os quilômetros da estrada são degraus
São a deixa de um contato
Pela experiência e pelo aprendizado
Respondem a qualquer porque
Memórias são histórias
Histerias, alegrias
Mas o branco me invade
Me faz novo, de novo.
A fumaça de um cigarro de maconha
Um índio deitado em uma rede
O cheiro do incenso
Sou a janela aberta
O vento que refresca
A luz que dá bom dia
O gosto do café
A balança dos sentidos marca o zero
Marca a leveza do espírito
Na grandeza que é a mortalidade
Contra todo sentimento eremofóbico
Os quilômetros da estrada são degraus
São a deixa de um contato
Pela experiência e pelo aprendizado
Respondem a qualquer porque
Memórias são histórias
Histerias, alegrias
Mas o branco me invade
Me faz novo, de novo.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Reticências
A ladeira cansa as pernas, as pedras nos fazem tropeçar
Descansaremos no vão de alguma fresta
Em qualquer porta que nos esconda
Sob um teto que nos permita
O gosto de um erro pode dar água na boca
Nada é intocável, tudo se mostra vivo
No mais gélido vento que nos arrebata
O diálogo dos olhares é suficiente pra me aconchegar
Somos um flerte de improbabilidades
De descrenças de quem vê de fora
Iremos pra casa
Pontuaremos a história com reticências
Descansaremos no vão de alguma fresta
Em qualquer porta que nos esconda
Sob um teto que nos permita
O gosto de um erro pode dar água na boca
Nada é intocável, tudo se mostra vivo
No mais gélido vento que nos arrebata
O diálogo dos olhares é suficiente pra me aconchegar
Somos um flerte de improbabilidades
De descrenças de quem vê de fora
Iremos pra casa
Pontuaremos a história com reticências
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Colisão
Quando as verdades não baterem
Quando a calma cair em ruínas
Os passos se desorientarão
Os olhares ficarão incrédulos
Qualquer posição soará como imposição
Bocas se distanciarão
O orgulho arderá com vigor
Todos os planos virarão impossibilidades
A ganância pelo bem confunde
O tempo todo pela ideia de construção vai contra a humanidade dos homens
É nosso tato de mundo
É a invenção dos prepotentes
Existe um peso
Um jargão que envolve o corpo por completo
Mas as rédeas que tentam manter o controle
Cairão pelo vazio da verdade absoluta
Quando a calma cair em ruínas
Os passos se desorientarão
Os olhares ficarão incrédulos
Qualquer posição soará como imposição
Bocas se distanciarão
O orgulho arderá com vigor
Todos os planos virarão impossibilidades
A ganância pelo bem confunde
O tempo todo pela ideia de construção vai contra a humanidade dos homens
É nosso tato de mundo
É a invenção dos prepotentes
Existe um peso
Um jargão que envolve o corpo por completo
Mas as rédeas que tentam manter o controle
Cairão pelo vazio da verdade absoluta
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Inverso
Lembro-me de quando ouvi seu choro ao sair de mim
Você parecia assustado com o novo ambiente
Não sei como explicar, mas desde aquele instante eu sempre consegui sentir o que você sentia
Virei duas
Ah, mas vocês não sabem como eu já me desesperei
A impotente sensação de te imaginar passando fome
O dia em que te vi apanhar de seu pai, ter que engolir a seco cada porrada que você recebia
As suas propositais decisões erradas
Eu ralei
Abdiquei de mim mesma para te proporcionar o melhor que fosse possível
As minhas intimidades deram lugar à preocupações
O medo constante tornou-se eterno quando te vi sair de casa
O mundo te engoliu
Cortou suas raízes, te fez romper com a sanidade
O garotinho que vinha correndo à mim, chorando, apontando o joelinho machucado,
ficara irreconhecível com aquele cabelo comprido, com uma barba que fedia a pinga, com os poucos dentes que restaram em sua boca.
Quando finalmente te reencontrei, aos 28 anos, com 47 kilos,
você me olhou nos olhos e pôde sentir-se seguro pela última vez
"- A mamãe está aqui, tá tudo bem."
E eu te abracei com o mesmo amor de quando te amamentava.
Na proposição do ciclo comum que o tempo exerce, você me enterraria
Pra que eu pudesse me livrar dor de ter que enterrar você, meu filho.
Aonde quer que você esteja, saiba que eu te amo.
Você parecia assustado com o novo ambiente
Não sei como explicar, mas desde aquele instante eu sempre consegui sentir o que você sentia
Virei duas
Ah, mas vocês não sabem como eu já me desesperei
A impotente sensação de te imaginar passando fome
O dia em que te vi apanhar de seu pai, ter que engolir a seco cada porrada que você recebia
As suas propositais decisões erradas
Eu ralei
Abdiquei de mim mesma para te proporcionar o melhor que fosse possível
As minhas intimidades deram lugar à preocupações
O medo constante tornou-se eterno quando te vi sair de casa
O mundo te engoliu
Cortou suas raízes, te fez romper com a sanidade
O garotinho que vinha correndo à mim, chorando, apontando o joelinho machucado,
ficara irreconhecível com aquele cabelo comprido, com uma barba que fedia a pinga, com os poucos dentes que restaram em sua boca.
Quando finalmente te reencontrei, aos 28 anos, com 47 kilos,
você me olhou nos olhos e pôde sentir-se seguro pela última vez
"- A mamãe está aqui, tá tudo bem."
E eu te abracei com o mesmo amor de quando te amamentava.
Na proposição do ciclo comum que o tempo exerce, você me enterraria
Pra que eu pudesse me livrar dor de ter que enterrar você, meu filho.
Aonde quer que você esteja, saiba que eu te amo.
sábado, 12 de abril de 2014
Saturado de amargo
Por mais que eu tenha fumo pra tragar, não o farei.
Por mais que eu possa me vestir, não o farei.
Continuarei em posição fetal.
No meu drama ou em qualquer lugar que eu possa chamar de lar.
Nenhum enfeite me toca.
Nenhuma alternativa é luz.
Da carne que quero fiquei apenas com o cheiro.
Do que é concreto e palpável eu prefiro é o zero.
Meu marco retrógrado.
Atrasado. Que perdeu.
Que nunca teve.
Que por tudo o que possa parecer de ganho, nada tem.
Mudam as drogas.
Mudam as casas, as peles e as experiências.
Nada se prova. Nada posso provar.
O barulho da porta se abrindo é fruto da minha cabeça.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Continua lindo
É mato, é montanha, é morro, é favela.
É malandro, é flamengo, é o jeito de ser.
Caboclo moreno de pele queimada.
Mulata robusta que instiga e excita.
Sotaque de peixe que te envolve nas artimanhas do cotidiano.
Uma arqueologia do jeitinho na intenção de ser honesto.
Tem que mexer o doce.
Tem que ficar de olho pra não deixar quaiar.
E assim vai. Assim vem.
São as vias dos que fazem acontecer.
São os meios inventados pra que se garanta um lugar ao sol.
Sempre de braços abertos.
É o Rio mané.
É malandro, é flamengo, é o jeito de ser.
Caboclo moreno de pele queimada.
Mulata robusta que instiga e excita.
Sotaque de peixe que te envolve nas artimanhas do cotidiano.
Uma arqueologia do jeitinho na intenção de ser honesto.
Tem que mexer o doce.
Tem que ficar de olho pra não deixar quaiar.
E assim vai. Assim vem.
São as vias dos que fazem acontecer.
São os meios inventados pra que se garanta um lugar ao sol.
Sempre de braços abertos.
É o Rio mané.
quinta-feira, 20 de março de 2014
Existe amor em sp
A selva de pedra me xinga e me prende.
À direita ou à esquerda? Estou perdido.
É tudo muito rápido que quando você menos perceber
já estará etiquetado, à venda em uma prateleira.
Os muros são sólidos o suficiente pra te causar vertigem.
O bom dia que sai da boca dos transeuntes não é livre ou muito menos espontâneo.
É cuspido feito norma de convívio.
Olho por olho aqui é raridade.
Ponha seu terno, pegue sua valise.
Dê passos de um metro. Caminhe cem metros em quarenta segundos.
Perdure-se pelo esforço de destinar tempo aos tragos de seu cigarro.
O problema aqui é o tempo.
A pele se mela.
O sol se distorce reluzente em nuvens de fumaça.
É um pecado ver o verde das paisagens
ditado pelo cinza do concreto que o envolve.
O gênio que declarou aqui não existir amor, errou.
É que aqui, vinte e quatro horas são insuficientes pra dar formas ao que se sente.
À direita ou à esquerda? Estou perdido.
É tudo muito rápido que quando você menos perceber
já estará etiquetado, à venda em uma prateleira.
Os muros são sólidos o suficiente pra te causar vertigem.
O bom dia que sai da boca dos transeuntes não é livre ou muito menos espontâneo.
É cuspido feito norma de convívio.
Olho por olho aqui é raridade.
Ponha seu terno, pegue sua valise.
Dê passos de um metro. Caminhe cem metros em quarenta segundos.
Perdure-se pelo esforço de destinar tempo aos tragos de seu cigarro.
O problema aqui é o tempo.
A pele se mela.
O sol se distorce reluzente em nuvens de fumaça.
É um pecado ver o verde das paisagens
ditado pelo cinza do concreto que o envolve.
O gênio que declarou aqui não existir amor, errou.
É que aqui, vinte e quatro horas são insuficientes pra dar formas ao que se sente.
domingo, 16 de março de 2014
Nau dos brod
Cinco jovens aprendizes dos dizeres do encanto.
Um cigarro de encantarias pra purificar o ambiente.
Alguma bebida que nos faça explanar.
Este é o encontro das almas.
- Eu me lembro muito bem. Nossa, eu era escroto.
- Pois é. É engraçado a forma como o tempo funciona.
- É a vida. A vida tem dessas coisas.
- Me passa o isqueiro, por favor.
Seria um infortúnio de minha parte
dar vazão aos clichês que descravariam o cenário.
Mas é quando o defasado bate à sua porta
implorando para ser lembrado.
Era uma lua muito bonita. Era um céu cheio de estrelas.
São pessoas que nos esbarram.
No ar da graça do vento que vem, do vento que vai.
Nesse eterno intercâmbio de vícios e virtudes.
Nessa louca e irresponsável passagem dos corpos.
Porque amigos vão, mas sempre voltam.
Um cigarro de encantarias pra purificar o ambiente.
Alguma bebida que nos faça explanar.
Este é o encontro das almas.
- Eu me lembro muito bem. Nossa, eu era escroto.
- Pois é. É engraçado a forma como o tempo funciona.
- É a vida. A vida tem dessas coisas.
- Me passa o isqueiro, por favor.
Seria um infortúnio de minha parte
dar vazão aos clichês que descravariam o cenário.
Mas é quando o defasado bate à sua porta
implorando para ser lembrado.
Era uma lua muito bonita. Era um céu cheio de estrelas.
São pessoas que nos esbarram.
No ar da graça do vento que vem, do vento que vai.
Nesse eterno intercâmbio de vícios e virtudes.
Nessa louca e irresponsável passagem dos corpos.
Porque amigos vão, mas sempre voltam.
sábado, 1 de março de 2014
As veias do sistema
Duas miligramas de clonazepam ou eu atropelo alguém.
Sou o mordomo dos cardíacos que já perderam boa parte de suas saúdes.
Vou de um lado para o outro na dança dos pobres.
Bailando ao som da orquestra das buzinas.
No gourmet gratuito da fumaça dos escapamentos.
É o cheiro de piche que gruda em meu suor.
É o saco, cheio da porra toda.
Acelero o mais rápido possível.
Vou contra a chance de toda a minha raiva ainda não ser o suficiente.
Movo meu corpo contra o tempo. Contra o tempo dos que não o sente.
A cada esquina uma reviravolta.
Em cada reviravolta uma lamentação.
Evito qualquer escória pra que eu não seja julgado.
Deixo passar.
E vai passando.
Queria ver lá de cima o movimento dos humanos.
Poder cuspir na cabeça de quem eu quiser.
Jogar moedas pros mendigos. Cagar na cabeça dos pombos.
Lá de cima eu gostaria de dizer de boca cheia que estão todos errados.
E lá de cima eu bateria palmas para quem me escutasse.
Sou o mordomo dos cardíacos que já perderam boa parte de suas saúdes.
Vou de um lado para o outro na dança dos pobres.
Bailando ao som da orquestra das buzinas.
No gourmet gratuito da fumaça dos escapamentos.
É o cheiro de piche que gruda em meu suor.
É o saco, cheio da porra toda.
Acelero o mais rápido possível.
Vou contra a chance de toda a minha raiva ainda não ser o suficiente.
Movo meu corpo contra o tempo. Contra o tempo dos que não o sente.
A cada esquina uma reviravolta.
Em cada reviravolta uma lamentação.
Evito qualquer escória pra que eu não seja julgado.
Deixo passar.
E vai passando.
Queria ver lá de cima o movimento dos humanos.
Poder cuspir na cabeça de quem eu quiser.
Jogar moedas pros mendigos. Cagar na cabeça dos pombos.
Lá de cima eu gostaria de dizer de boca cheia que estão todos errados.
E lá de cima eu bateria palmas para quem me escutasse.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
O insuportável
Transições constantes que preocupam.
Entraves que privam à eternidade.
A irresponsabilidade que permite sentir-se julgado.
Faz parte da desconstrução da sina de rotinas.
Não há cabra macho que não arreie pra deboche.
Não existe capitão que não se encolha pra porra de detalhes.
Qualquer entranha que permita pensar em fracasso terá atenção.
Olhos à postos pra tudo.
A era dos extremos bate feito ferro.
Não há tempo pra descanso, não há chances pra questionamentos.
É uma linha tênue de pensamento, que deve ser seguida à risca e ai de quem ousar.
Vá pro seu canto, espere sua vez.
Corpos perfeitos se derretem por equilíbrio.
Clamam pela chance de superioridade.
Os movimentos são constantes, todos dançam ao som da mesma música.
Previsível demais à ponto de ser inexplicável.
O mundo não cabe no bolso.
Entraves que privam à eternidade.
A irresponsabilidade que permite sentir-se julgado.
Faz parte da desconstrução da sina de rotinas.
Não há cabra macho que não arreie pra deboche.
Não existe capitão que não se encolha pra porra de detalhes.
Qualquer entranha que permita pensar em fracasso terá atenção.
Olhos à postos pra tudo.
A era dos extremos bate feito ferro.
Não há tempo pra descanso, não há chances pra questionamentos.
É uma linha tênue de pensamento, que deve ser seguida à risca e ai de quem ousar.
Vá pro seu canto, espere sua vez.
Corpos perfeitos se derretem por equilíbrio.
Clamam pela chance de superioridade.
Os movimentos são constantes, todos dançam ao som da mesma música.
Previsível demais à ponto de ser inexplicável.
O mundo não cabe no bolso.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Flor de cemitério
Posto a sete palmos
Deitado em berço fétido
Teu corpo é escancarado pela fome que a terra tem
Olhos que jamais irão se abrir para ver o mar que se pôs sobre tua história
Porque a vida é assim
Desleixada no que se refere a importância.
Burocrática ao extremo no que se refere a liberdade.
Onde o fim é aguardado para que soe o som dos aplausos.
Meu caro
Enquanto em vida, rasgue os panos que lhe cobre
Enquanto são, embriague-se de vazio
Pois toda pompa é sobra e toda definição é fracasso
Abra sua porta e vá embora
De encontro a qualquer metro que desconheça
Sinta o contato do que é belo
antes que a beleza de todas as formas enobreça sua morte
Deitado em berço fétido
Teu corpo é escancarado pela fome que a terra tem
Olhos que jamais irão se abrir para ver o mar que se pôs sobre tua história
Porque a vida é assim
Desleixada no que se refere a importância.
Burocrática ao extremo no que se refere a liberdade.
Onde o fim é aguardado para que soe o som dos aplausos.
Meu caro
Enquanto em vida, rasgue os panos que lhe cobre
Enquanto são, embriague-se de vazio
Pois toda pompa é sobra e toda definição é fracasso
Abra sua porta e vá embora
De encontro a qualquer metro que desconheça
Sinta o contato do que é belo
antes que a beleza de todas as formas enobreça sua morte
sábado, 25 de janeiro de 2014
Íris celeste
Estupenda como marca.
Simplório. Maravilhoso.
Do jeito mais difícil.
Parabéns.
É como se eu pudesse entrar.
É como se eu pudesse mandar.
Tenho conhecimento, aprecio a forma.
Sou é leigo acerca de modos.
Em termos, não era pra ter sido.
Culmina agora apenas pela minha insistência.
Pobre homem que sou, um devaneio por uma vontade.
Apenas pra provar.
Mas é assim.
Como um aroma que nos põe em busca do impossível.
O gosto agrada.
Que seja farto meu banquete de você.
Simplório. Maravilhoso.
Do jeito mais difícil.
Parabéns.
É como se eu pudesse entrar.
É como se eu pudesse mandar.
Tenho conhecimento, aprecio a forma.
Sou é leigo acerca de modos.
Em termos, não era pra ter sido.
Culmina agora apenas pela minha insistência.
Pobre homem que sou, um devaneio por uma vontade.
Apenas pra provar.
Mas é assim.
Como um aroma que nos põe em busca do impossível.
O gosto agrada.
Que seja farto meu banquete de você.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Suspiro de cult
Uma boa pose.
Um bom enquadro.
Foco dado no carro-chefe da beleza.
Pronto, eis aqui sua imagem.
Qual será seu discurso ?
Tente parecer justo.
Flerte com a honra.
Evite exteriorizar um provável discurso de ódio.
Agora pense em como você irá atrair.
Não esqueça do renome dos compartilhamentos e das exposições de opinião.
Essa é a isca.
Você vai fisgar e vai comer o peixe.
Barriga cheia.
O objetivo acerca da sua personalidade está cumprido.
Belo, seguro, nobre.
Um puta rapagão.
Como negar um espelho perfeito ?
A exposição sempre revela nossas antíteses.
Um bom enquadro.
Foco dado no carro-chefe da beleza.
Pronto, eis aqui sua imagem.
Qual será seu discurso ?
Tente parecer justo.
Flerte com a honra.
Evite exteriorizar um provável discurso de ódio.
Agora pense em como você irá atrair.
Não esqueça do renome dos compartilhamentos e das exposições de opinião.
Essa é a isca.
Você vai fisgar e vai comer o peixe.
Barriga cheia.
O objetivo acerca da sua personalidade está cumprido.
Belo, seguro, nobre.
Um puta rapagão.
Como negar um espelho perfeito ?
A exposição sempre revela nossas antíteses.
domingo, 12 de janeiro de 2014
Troféu de estante
Que o próximo desdém seja aceito mediante pressão.
Que as corjas que insultam sejam pensadas.
Não vale a pena.
Não vale a pele que habita.
Nos cantos das juras de honrarias.
Onde a fala se estende pelas tentativas de provação.
Você debocha de sua própria existência ao tentar alimentar o seu fracasso.
A sina de insistência se provou pelo primeiro que passou e persuadiu.
Considere uma escada.
Considere uma queda.
Considere-se sóbrio.
Considere-se farto.
Sóbrio de problemas.
Farto de impaciência.
A atração lhe instiga.
A busca preenche o buraco que tua mente é.
Abaixe o braço e aperte sua mão.
Esta que lhe calça pertence ao sujeito que substitui.
Pertence à quem cruzou sua mira e subitamente foi alvejado.
Perambule pelos quatro cantos que for. Não importa.
Enquanto você permanecer imersa no oceano que habita sua cabeça,
a vida insistirá em lhe afogar.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Branca como a neve
Vejo em sua face a tentativa de um tiro.
Pelos instantes marcantes de seu teatro.
A oportunidade de um arremate.
O cheiro de desespero cravado em suas palavras.
Continue.
Encontre o nada.
Pelos instantes marcantes de seu teatro.
A oportunidade de um arremate.
O cheiro de desespero cravado em suas palavras.
Continue.
Encontre o nada.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Amor, ódio, amor
A fraqueza da carne me faz sucumbir
Sua beleza me irrita
É descontrole que ascende em meus olhos
Por sua destreza astuta na arte de seduzir
O limbo é escuro como forças que nos cercam
Meu prato é simples, vazio e cheio de fome
Quero experimentar-te, rasgar-te e engolir-te
Selvagemente, sem controle, indomável
Expondo à todos, as tentações que nos cerceiam
Sou egoísta e me cago pra este fardo
Estou a léguas de distância das chances que desperdicei
O que pesa é o sentido da ausência, banhado pelo ódio de tudo o que não posso ter
Todas as marias, todo o ouro do mundo
Posso naquilo que vejo
Sou por aquilo que falo
E o que se vai está a salvo
E o que fica eu destruo
Porque amo
Porque odeio
Porque odeio por amar
Sua beleza me irrita
É descontrole que ascende em meus olhos
Por sua destreza astuta na arte de seduzir
O limbo é escuro como forças que nos cercam
Meu prato é simples, vazio e cheio de fome
Quero experimentar-te, rasgar-te e engolir-te
Selvagemente, sem controle, indomável
Expondo à todos, as tentações que nos cerceiam
Sou egoísta e me cago pra este fardo
Estou a léguas de distância das chances que desperdicei
O que pesa é o sentido da ausência, banhado pelo ódio de tudo o que não posso ter
Todas as marias, todo o ouro do mundo
Posso naquilo que vejo
Sou por aquilo que falo
E o que se vai está a salvo
E o que fica eu destruo
Porque amo
Porque odeio
Porque odeio por amar
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Escadaria para o céu
Dois braços. Duas pernas.
Cabeça. Tronco.
Minhas mãos são pulsantes, inquietas.
O amargo desta história não é a forma como exponho o doce.
Abra as pernas.
Deixe-me entrar.
Vou devagar para provar a propaganda do seu exibicionismo.
No ponto final irei gritar.
Estamos suados, cansados.
Você viu ? Você sentiu ?
Não há motivos para todo esse alarde.
O que fizemos é de lei, coisa de animal.
Cabeça. Tronco.
Minhas mãos são pulsantes, inquietas.
O amargo desta história não é a forma como exponho o doce.
Abra as pernas.
Deixe-me entrar.
Vou devagar para provar a propaganda do seu exibicionismo.
No ponto final irei gritar.
Estamos suados, cansados.
Você viu ? Você sentiu ?
Não há motivos para todo esse alarde.
O que fizemos é de lei, coisa de animal.
domingo, 5 de janeiro de 2014
O menino da lua
E ele estava mais uma vez em dúvida. Devia exteriorizar toda sua gana ou resguardar-se temendo um possível erro ? Isso vinha o assombrando de uma forma muito mais grave do que se poderia imaginar. Balbuciou-se, inquietou-se, confundiu-se, decidiu-se. Ele fez tudo errado e gostou de ser assim. O erro passou então a ser a margem para suas ações, premeditadas pela vida em um mar cor de rosa. O que era de fora permaneceu irrelevante.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Feliz ano novo
Sinceramente, olhe para todos.
Julgue pelos olhos de quem crê.
Morra infinita, pelos traços de quem lhe compreendeu.
Estou longe de mim mesmo, preciso escrever.
Olhe só para você. Dois anos se passaram.
Nenhum traço de quem poderia me reconhecer.
Somos todos iguais nas festas de dionísio.
Vontades mundanas. Insanidade acerca de quem somos.
A velha utopia de tornar-se lenda.
Você está posta pelo espírito de quem tentou ser mais um cowboy.
E então cavalgue em prol de diamantes.
Sempre irão lhe envolver, tentarão ao menos.
Sou lenda para quem me observa.
Estou posto para quem paira.
Enquanto eu tentar gritar por uma voz que não existe,
serei corpo de quem esteve ao alcance dos mortais.
Estendido aos pés de qualquer discípulo.
Ridicularizado pela tela de um sistema.
Estou enquadrado nas semelhanças dispersas de quem queria ir de fininho.
Enterre-me sem sentir o ardor de um corpo comum.
Julgue pelos olhos de quem crê.
Morra infinita, pelos traços de quem lhe compreendeu.
Estou longe de mim mesmo, preciso escrever.
Olhe só para você. Dois anos se passaram.
Nenhum traço de quem poderia me reconhecer.
Somos todos iguais nas festas de dionísio.
Vontades mundanas. Insanidade acerca de quem somos.
A velha utopia de tornar-se lenda.
Você está posta pelo espírito de quem tentou ser mais um cowboy.
E então cavalgue em prol de diamantes.
Sempre irão lhe envolver, tentarão ao menos.
Sou lenda para quem me observa.
Estou posto para quem paira.
Enquanto eu tentar gritar por uma voz que não existe,
serei corpo de quem esteve ao alcance dos mortais.
Estendido aos pés de qualquer discípulo.
Ridicularizado pela tela de um sistema.
Estou enquadrado nas semelhanças dispersas de quem queria ir de fininho.
Enterre-me sem sentir o ardor de um corpo comum.
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