segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A fé do ceticista

De joelhos
sobre o assoalho de um velho cômodo
Dou e sou
voz dos ensejos que me cegam
da esperança que se desespera
na intenção de legitimar-se real
Oh pai
Oh céus.

Ergo minhas mãos
acato à devoção
não há toque
não sopra o vento
ninguém ouve
ninguém vê
É para eu sentir apenas

A graça
a qual julgo inacessível pela vida dos mortais
é posta em contrapeso às promessas
às matérias todas
à abdicação
o preço da minha inutilidade
é eu desfazer-me por outra inutilidade
sou um produto de discursos
sou um mercado para ideologias

minhas preces
são subterfúgios para nós que eu mesmo posso desatar
a voz que indaga as conquistas
não se proclama pelo o que não é palpável
pois o cheiro de deus escorre em minha pele na forma de suor
pois o templo sagrado é minha própria cabeça

Em meu nome
Em meu nome de novo
E do meu nome novamente
Amém

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Era tudo o que eu queria

O homem não está bem.
Cambaleia, trança as pernas, gagueja em qualquer palavra.
Todo o espaço foi ocupado para suas regalias.
No chão, as calças.

A cama quebrada em pouco tempo de uso.
Portas grandes o suficiente para enlouquecer todo seu supérfluo.
Roupas usadas para ostentação.
Adereços de que visavam status.

O homem se senta. Pensa.
Qual o sentido para toda a exterioridade ?
Qual o sentido do convívio ?
Não há respostas.

A embriaguez tinha propósito.
Prosperar em momentos de levitação.
Aguardar para agir no abraço tão esperado.
Chegue bem perto. Mais perto ainda.