segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sanato

A pálpebra tão jovem, mutilada.
Sebo dominante.
Mal cheiroso, seu cabelo desprezado.
Desprendido mesmo enquanto provido.

Admirável, diante de tanta bajulação mesquinha.
O óleo insolúvel na água.
Nunca perdeu-se.
Sempre firme e muito sensato.

Não queria dinheiro.
Não queria artificialismo.
Não queria o clichê da juventude.
Descaradamente correto.
Sozinho e abandonado.

O pai lhe expulsara de casa.
Anomalia vergonhosa para um puro sangue tão tradicional.
Incessantemente,
a mãe cuspia em seus ouvidos
tentativas de um aborto mal sucedido.

O tempo então lhe criou.
Fez suas verdades plantando um homem.

A aberração desprezada.
Nunca se importou.
Sua força regenerava e era sábia.
E toda mediocridade sofrida,
reverteu-se em merecida glória.

O desgraçado menosprezado.
Hoje buscado, copiado.