segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sanato

A pálpebra tão jovem, mutilada.
Sebo dominante.
Mal cheiroso, seu cabelo desprezado.
Desprendido mesmo enquanto provido.

Admirável, diante de tanta bajulação mesquinha.
O óleo insolúvel na água.
Nunca perdeu-se.
Sempre firme e muito sensato.

Não queria dinheiro.
Não queria artificialismo.
Não queria o clichê da juventude.
Descaradamente correto.
Sozinho e abandonado.

O pai lhe expulsara de casa.
Anomalia vergonhosa para um puro sangue tão tradicional.
Incessantemente,
a mãe cuspia em seus ouvidos
tentativas de um aborto mal sucedido.

O tempo então lhe criou.
Fez suas verdades plantando um homem.

A aberração desprezada.
Nunca se importou.
Sua força regenerava e era sábia.
E toda mediocridade sofrida,
reverteu-se em merecida glória.

O desgraçado menosprezado.
Hoje buscado, copiado.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Khornisys

Como um zíper em sua pele,
o punho prata crava agora.
Escorreu e era comum.
Senti o gosto do seu sangue
até me embriagar.

Que o veneno de suas veias me entorpeça
igualmente a droga que me encorajou.
E que sua carne tão macia adoce o fedor da minha boca.

Preto breu ou argila intocada.
Uma tela vazia, uma mente farta.
A explosão inesperada.
Julgue minha boca sincera,
mas agradeça pelos tapinhas falsos que não dei em suas costas.

Desnecessário transtornado,
planejado e proposital.
Vocês sabem disso, sabem de tudo.
Só lhes resta coragem, bando de covarde.

Mas eu cravei e vou além.
Quero descobrir o que tem dentro de você.
Poder lamber seu cérebro, acariciar seu pâncreas.
E é claro,
descobrir se você realmente possui um coração.

domingo, 15 de maio de 2011

Perlings

Paletó X camisa rasgada.

Abra os olhos para o estupro aniquilado/assassinado de seus velhos pensamentos, de suas velhas vontades. Sua geração negou instintos, serviu vontades procedidas e seguiu na mesma linha contraditória dos impulsos.
A mesma tradição comprada pelo status, o tal copo de Whisky escocês e o velho papo sobre charuto em um escritório hipócrita.
Ao seu lado uma insônia eterna. Poderes persuasivos de querer julgar digno, e você nunca mereceu o topo.

Nós cuspimos no chão, coçamos o saco, pixamos muros e exibimos nosso orgulho através do papo sobre porres e noites em que estivemos sobre o efeito de alguma droga. O combustível pra isso tudo talvez seja seu passado, tudo reprimido, tudo evitado. Somos sua vergonha, repulsa ou algo do tipo.

Mas você aí, embaixo desse terno. você é feliz ? Esses papéis lhe satisfazem ? Status e monotonia é o ponto G pro seu orgasmo ?
Ah sim. Você sentiu as mesmas vontades mas o medo lhe negou.
Sinto muito meu caro, o melhor da vida não se compra.

Se permita. Sempre.