sábado, 1 de janeiro de 2011

Maldito S/A

Sentei-me em um recanto, onde encantadamente a natureza prosperava.

- Olá senhora cobra. Observo sua raiva por minha presença. Diga-me, não sou digno de estar aqui ou tentador à sua vontade ?
Sem resposta alguma, fui atacado. Indignado, retirei suas presas do meu rosto. Em seguida, percebo movimentos. Ao verificar, encontro um escorpião. Antes que sofresse outra investida traiçoeira, me recolhi de modo seguro a outro recinto que por hora, parecia de paz.

Gritei alto :
 - Somente busco a calma. Somente busco a vida. Verdadeiramente. Como deveria ser. Por instinto. Pelo cansaço de mal-feições causadas por um pedaço de papel.

Sentindo-me inseguro, entrei naquela mata. Quando me sentei por ali, tudo o que desejava era ter consciência das verdades. Uma mata prospera a verdade. Prospera o destino sabiamente conhecido. É chão igual pra qualquer verde. Envolvi meu corpo à arvores devido ao desgaste insensato, o desgaste causador, desgaste por vidas esquecidas. Vidas que quis e não quis. Vidas distantes, vidas tão próximas. Animais me entenderiam por serem somente instinto. Animais me acolheriam por não entenderem preconceito. Animais não me julgariam por não viverem em classes sociais. Toda essa ficção forjada e manipuladora, chamada de mundo, atira no próprio pé. Animais me entenderiam então, por serem irracionais.

Meu desfecho ? Temos de pior, primeiramente, nosso vício de bem-estar. Nos prendemos a um certo materialismo, do qual passamos a julgar necessário. Apanhamos principalmente da realidade, na busca ambiciosa, supérflua, que julgamos ideal. Somos parte da carne que mata por papel. Somos parte do mesmo sangue derramado inocentemente. Em todo injusto, nos encontramos incluídos. Em cada arrependimento, perdemos a chance de não termos feito o que deveríamos fazer. Estivemos todos nós sempre distraídos.

"Sou uma gota D'água. Sou um grão de areia." No acerto de uma bala perdida, buscamos a culpa aonde jamais haveria a coragem em disparar. E na vontade de julgar, primeiramente olhe a um espelho. Sustentamos esse vício. Sustentamos o certo. Sustentamos o errado. Somos o mundo.