sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Nosso

E de repente ela vem.

Caminhamos envelhecendo.
Infinitamente somos, fomos, de tudo, em tudo.

Observava uma velhinha.
Pele deteriorada.
Cabelos ralos e esbranquiçados.
Pelo estado de seu corpo,
caminhar é algo considerável.
Claramente demonstrava cansaço.
E era eminente,
a deficiência de sentidos.
Não parecia conformada.

A sua luta em manter-se hoje.
A difícil incerteza em poder talvez estar amanhã.

Uma senhora.

Nenhum olhar,
ou mísera palavra a mim direcionou.
Mostrou-me a vontade em insistir,
permanecer.
Evidentemente muito tempo não lhe resta.

Exatamente.

Caminhamos contra o tempo.
Brigamos em suas imposições.
Raramente lhe aceitamos.
Precisamos aceitar.
Quem vence é o tempo.
Quando o nosso tempo acaba.

Por vontade ou azar.
Independentemente de alma.
Acontece.
Nossa única e exclusiva certeza.

Por extremas decisões,
distinções em como a encarar.
Vivendo sonhos ou não.
Lutando por ser ou não.
Nos deparamos vivendo,
e de repente ela vem.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vale a pena ?

Abdicar-se da própria natureza.
Menosprezar a si próprio.
Ser, por influência alheia.
Deixar levar-se por um caminho em vão,
na ironia da existência.

Amor próprio inexistente.
Essência manipulada.

Querer,
por fim dinheiro.

Lamento a quem não teve chances.

Escravos da vida por única opção.
Escravos do mundo por alienação.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Você entende ?

Nomeie seu Deus,
dispare suas armas.
Julgue pela própria incompetência.
Perca-se por pura insegurança.

Traçamos caminhos,
que por muito lamentamos.
Buscamos glórias,
com esforços medíocres.
E de nossa natureza,
a sina de ingratidão.

Buscar a culpa fora de sí.
Omitir-se grotescamente,
com sensação de falso alívio.

Fazemos por puro erro.
Perdoamos por pura nobreza.
O orgulho remanescente,
com sentidos de superioridade.
Vítimas esperançosas.

Você se importa ?

Apenas perdoe, esqueça.

domingo, 21 de novembro de 2010

E fica assim...

No despertar de um pensamento, observo o sol nascer com meu olhar cansado e prestes a se por.


Enquanto a vizinhança sai pra ir à luta, eu viajo ao som de Alice in chains, e me ponho a pensar na morte. Um tabu pra alguns.
Sinceramente, eu não sei até onde vou chegar, não sei se paro por aqui, ou se chego muito adiante.
A cada dia que passa me sinto mais preparado a um possível encontro com a luz. Mas julgam estranho, o fato da minha aceitação ao silêncio eterno.

Vivemos num lugar ambicioso em relação a tudo, e suficiente ao ponto de estressar. E diante dos mundos que criamos eu me ergo, me sinto calmo e retomo a escutar nutshell. Volto a sentir o abraço dela, os sorrisos dos amigos, as realizações da família, e percebo que não adiantará planos pra um futuro mais distante.
Se eu não durar muito pra mim foi o melhor. O que ficar, que seja eterno, pois a carne que eu carrego pra terra irá voltar.
Todo valor que eu representar a alguém, espero que faça falta. Que toda saudade seja justa e honesta, sem tablóides clichês, ou misticismo sentimental por generalização.
Quando pensarem em mim, que lembrem da intenção que fui. O melhor, foi o que busquei à cada um que eu realmente amei.
Dificilmente, ou nunca, entenderão o que prezo por morte. O meu deixar ao além. Meu desejo em morrer cedo. Dizem que só damos valor a vida, quando nos deparamos bruscamente, e intransferivelmente com a morte. Mas claramente, minhas decisões e intenções de fim, não são por ingratidão, ou muito menos infelicidade. Foi minha escolha, e nós já nascemos providos desta escolha. Respeitem. Esse é meu caminho.

Deus (Sim eu creio). Dizem que sabe a hora certa. Eu sinto e torço pra que não deva demorar. Mas quando estar prestes, quero sentir e saber, pra abraçar todo mundo, que pra mim nunca irá morrer.

sábado, 13 de novembro de 2010

31/10

Acabou a depressão,
dias de arrependimento,
momentos de regressão.

Um domingo.
Suficiente.

O inesperado novamente acertou.

Ali, não existia mais nada.
Não havia ontem.
Não havia amanhã.
Podia chover,
ventar.
Nada mais importaria.

Um abraço !
E foi-se embora meus velhos medos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Acéfalos

Sua falência de bom senso
alcança a ignorância visual.
Sua beleza bizarra,
pela aberração corporal.

Quanto maior, menos gente.
Sinto nojo, repulsa, pena.
Teus músculos não pensam.

Toda excentricidade exacerbada é
carência de noção.
Essa falsa impressão de saúde.
A ausência de destreza.

Bombadinhos de orkut,
e o clichê "no pain no gain".
A mediocridade de se acharem superiores.
Isso jamais seria inveja.
Muito menos trauma.

Pequenos são os que se medem pelo tamanho de seus músculos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Novamente, após o depois

A insistência em um erro
A ausência de virtudes
Um vício incontrolável
A fraqueza em não ser límpido
O corpo que cede

Minha regressão
Minha vergonha
Meu arrependimento

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comum

O auge de um dia,
em algo nem tão importante.
O que deixamos de notar.
O que julgamos insignificante.

Taxamos a vida a menosprezo,
por pura ingratidão.
Nos desviamos por sentidos inválidos,
erroneamente buscando uma mera ascensão.

Trocamos afeto,
por materialismo.
Matamos amor próprio,
pela glória de alguém.

Tornamos nossas vidas secundárias.
Fazemos do bem alheio,
pessoalmente nosso mal.
E tudo isso,
jogado fora.

Por fim,
a cicatriz de uma cara dada à tapas.